Traça-do-tomateiro
Tuta absoluta
Situação da Suscetibilidade de Tuta absoluta (Meyrick) (Lepidoptera: Gelechiidae) a Inseticidas no Brasil na safra 2018/2019
A traça-do-tomateiro (Tuta absoluta) é conhecida pelas injúrias que causa na cultura do tomate como a formação de minas nas folhas e galerias nos frutos impactando significativamente a produtividade e comercialização dos frutos. Estas injúrias tornam a T. absoluta uma praga de difícil controle, que dificultam o contato direto com inseticidas, gerando danos econômicos. T. absoluta vem se afirmando como uma das pragas com grande capacidade de evolução de resistência em função do ciclo curto, grande número de gerações ao longo do ano e aumento nos casos de resistência. De acordo com o Arthropod Pesticide Resistance Database, casos de resistência de T. absoluta para 16 ingredientes ativos já foram relatados no mundo, pertencentes aos grupos piretroides, benzoilureias, oxadiazinas, diamidas, carbamatos e espinosinas (Arthropod Pesticide Resistance Database, 2020).
No Brasil tem sido relatado a dificuldade de controle e, devido à alta pressão de seleção exercida nas principais regiões produtoras, é de suma importância o monitoramento da suscetibilidade dessa praga aos principais grupos químicos utilizados em seu controle. Diante disso o IRAC-BR tem desenvolvido um projeto em que inicialmente foram estabelecidas curvas de dose resposta para estimativa das concentrações diagnósticas para os seguintes grupos de Modos de Ação (MoA): 5 (Moduladores Alostéricos de receptores nicotínicos da acetilcolina), 13 (Desaclopadores da fosforilação oxidativa via interrupção do gradiente de próton), 22A (Bloqueadores de canais de sódio dependentes da voltagem) e 28 (Moduladores de receptores da rianodina). Durante a safra 2018/2019 foram coletadas 10 populações nas regiões de Anápolis-GO, Araguari-MG, Barbacena-MG, Paty do Alferes-RJ, Lins-SP, Piedade-SP, Sumaré-SP, Petrolina-PE, Serra da Ibiapaba-CE e Irecê-BA. Cada população foi submetida às doses diagnósticas de 10 mg i.a./L (Grupos 5, 22A e 28) e 5 mg i.a./L (Grupo 28) por meio do método de bioensaio de imersão da folha (leaf-dip) na solução com inseticida.
Para o grupo 5 a mortalidade variou de 83,5 % a 99% nas regiões de Iraquara-BA e Guaraciaba do Norte-CE enquanto que para o grupo 22A variou de 95% na região de Irecê-BA e 100% em Guaraciaba do Norte-CE demonstrando alta suscetibilidade de T. absoluta a esses dois grupos químicos na safra 2018/2019. O controle para o grupo 13 a mortalidade foi de 22% na região de Anápolis-GO e 79% na região de Guaraciaba do Norte-CE. Já a mortalidade para o grupo 28 variou de 2% na região de Sumaré-SP a 95% na região de Irecê-BA.
De maneira geral observa-se o decréscimo da suscetibilidade para os grupos 28 e 13 em algumas regiões do Brasil. Vale ressaltar que para garantir o sucesso do controle é preciso respeitar o tempo correto de aplicação, considerando o nível populacional da praga bem como realizar aplicações na fase inicial da formação de minas (lagartas até L2 ou L3) e também de acordo com a recomendação das bulas para cada produto. A destruição de restos culturais que possam servir como hospedeiros secundários também é crucial para evitar que a população se multiplique. A rotação de produtos com diferentes modos de ação é essencial uma vez que a chance de seleção de resistência a um determinado grupo usado continuamente é maior. Ainda neste aspecto, a consulta a agrônomos especializados é importante para diminuir a possibilidade de resistência cruzada entre grupos.
Os resultados obtidos por meio do projeto do IRAC-BR em parceria com a UFRPE, fornecem informações importantes para a implementação de estratégias de manejo de resistência de T. absoluta a inseticidas, entretanto ressalta-se que é de extrema importância a adoção das boas práticas agrícolas em escala regional para garantir a longevidade das moléculas.
Elaborado por: Mariana R. Durigan e Herbert A. Siqueira