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IRAC-BR: 20 anos de contribuição para a disseminação de conhecimento sobre manejo de resistência


Em seu aniversário de duas décadas, comemorado em maio de 2017, o Comitê Brasileiro de Ação à Resistência a Inseticidas - IRAC-BR tem muito o que se orgulhar e comemorar da sua trajetória. Implantado no mesmo modelo que o europeu e o norte-americano, o Comitê tem ajudado a disseminar informações e fomentar pesquisas e trabalhos sobre manejo de resistência de pragas a produtos fitossanitários e plantas geneticamente modificadas no Brasil. A história do IRAC-BR teve início em 1997 e só foi possível graças a dois grandes pesquisadores na área de resistência no Brasil: Luis Antonio Pavan e Celso Omoto. Sentido a necessidade de uma entidade que pudesse pesquisar e representar todo o segmento de resistência a inseticida, os dois pesquisadores, em viagem aos EUA, tiveram a oportunidade de participar de uma reunião do IRAC, e, consequentemente, trouxeram a ideia para o Brasil. “Desde o início nós nos espelhamos no que era feito lá fora e criamos um grupo de trabalho com os mesmos princípios, para apoiar a agricultura brasileira. Cada ano é uma conquista, pois temos contribuído através de novas descobertas ou de um curso de aprimoramento. E o principal marco surge com a própria criação e o reconhecimento por parte dos pesquisadores, empresas e governo”, comenta Pavan. Se mostrando de uma enorme importância para a promoção de debates sobre o tema, o IRAC BR desde a sua criação tem atuado seguindo três pilares: institucional, educacional e de pesquisa. Os projetos institucionais são os cartões de visita da entidade, utilizado para apresentar o Comitê à comunidade cientifica e produtores rurais; o educacional é voltado para o desenvolvimento de material técnico-didático para a transmissão de conhecimento acerca de resistência e estratégias de manejo; o terceiro pilar do IRAC-BR é a pesquisa, que visa potencializar esforços para monitorar e desenvolver trabalhos específicos na área de resistência de pragas a produtos fitossanitários.

Mesa Redonda de Manejo de Resistência idealizada pelo Prof Celso, por ocasião do CBE Salvador - Mar/1997

“A primeira coisa que fizemos no Comitê foi trabalhar nos projetos educacionais com membros das próprias empresas, principalmente em relação aos conceitos: o que é resistência, quando a resistência se torna problema econômico e como ela pode ser manejada. Na época havia um desconhecimento enorme sobre o tema. Posteriormente, investimos na questão de promover cursos nessa área em diferentes partes do Brasil, para discutir a problemática da resistência em diferentes regiões do país”, conta o professor Omoto. Desde o início das atividades, o trabalho do IRAC-BR tem sido norteado pela disseminação do conhecimento para a comunidade agrícola em geral, mas especialmente para os profissionais que atuam diretamente com a resistência à inseticidas e plantas geneticamente modificadas. De acordo com Pavan, tem se tornado cada vez mais importante que o trabalho realizado pelo Comitê seja divulgado, tendo em vista o baixo surgimento de novas tecnologias para ajudar o homem do campo como ferramentas para o manejo da resistência.

Membros do IRAC-BR, 2008

“A agricultura é muito dinâmica e as tecnologias estão sendo descobertas cada vez com menos frequência. Temos que continuar fazendo muito bem o nosso trabalho e conseguir mais adeptos e apoiadores dos nossos projetos, no sentido de divulgar tudo que foi pesquisado e comprovado em termos de manejo de resistência para toda a rede de influenciadores”, conta Pavan. Gary Thompson, ex-presidente do IRAC Internacional e IRAC-EUA, lembra com carinho a criação do Comitê Brasileiro, após um congresso de Entomologia que aconteceu em Salvador (BA), em 1997. “Quando deixei o Congresso não tinha certeza se o IRAC-BR iria florescer, pois havia muitas razões para as empresas não trabalharem juntas, e o progresso é sempre lento e difícil com os produtores. No entanto, a liderança e inúmeros esforços têm e continuam a produzir resultados positivos e avançar a ciência do Manejo da Resistência. ” Segundo Omoto, para o futuro é esperado que o IRAC-BR seja cada vez mais forte e influente em relação ao manejo da resistência, tendo em vista que “o Comitê já está bem amadurecido em relação à problemática, o que precisa ser feito no futuro é tomar mais ações em termos de implementação de estratégias de manejo da resistência”.

“O IRAC-BR vai continuar por muitos mais anos, é um Comitê bastante dinâmico e importante para o segmento. Já fizemos algo significativo ao longo dos anos, mas ainda tem muito o que se feito”, finaliza Pavan. Mensagem do ex-presidente do IRAC Internacional e IRAC-EUA, Gary Thompson: “Os primeiros movimentos para criação do IRAC-BR ocorreram durante o Congresso Brasileiro de Entomologia em Salvador, em 1997. Foi um congresso excelente, por sua qualidade técnica e pelas belezas da cidade sede. Naquela época, a agricultura ainda estava em expansão em algumas regiões do país e, pode-se dizer que era uma atividade recente quando se compara com outras partes do mundo. Foi uma experiência única conhecer as imensas áreas com monocultura e as condições abióticas favoráveis às pragas. Se, por um lado, esse cenário é decisivo para a rápida seleção de linhagens resistentes, por outro, é ideal para desenvolver estratégias de manejo de resistência a inseticidas. A importância da agricultura também levou a investimentos maciços pelas universidades e pelas indústrias, o que contribuiu para a formação dos entomologistas mais bem treinados do mundo. Entretanto, um dos desafios a serem superados, até os dias de hoje, é convencer os produtores a investirem em estratégias de manejo no longo prazo. Quando o Congresso de 1997 encerrou, eu não tinha certeza de qual seria o futuro do IRAC-BR, pois havia razões para que as indústrias não quisessem trabalhar em conjunto e os avanços com os produtores são sempre lentos e difíceis. No entanto, a liderança e esforços incansáveis tiveram e continuam tendo resultados positivos para o avanço da ciência do Manejo da Resistência a Inseticidas. Parabenizamos pelos progressos alcançados até o momento, o IRAC-BR é reconhecido globalmente como uma das melhores organizações de Manejo da Resistência a Inseticidas no mundo. Agradeço também pelos esforços que continuarão a existir, pois ainda há muito a ser feito. ”

Fotos:

Acervo IRAC-BR

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