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Helicoverpa
Helicoverpa armigera

Helicoverpa armigera (Lepidoptera: Noctuidae) tem causado prejuízos expressivos em soja, algodão, feijão e outras culturas no Brasil. Trata-se de uma praga bastante agressiva devido ao hábito alimentar altamente polífago, elevada capacidade reprodutiva, alta capacidade de dispersão e elevada capacidade de adaptação a condições adversas.

Dificuldades no controle de H. armigera têm sido reportadas com o uso de alguns inseticidas no Brasil. Casos de resistência de H. armigera a inseticidas carbamatos (Grupo 1A), organofosforados (Grupo 1B), piretroides (Grupo 3A), spinosinas (Grupo 5), avermectinas (Grupo 6), proteínas Bt (Grupo 11), oxadiazinas (Grupo 22A), dentre outros, já foram documentados em outros países. Portanto, uma das possíveis causas do insucesso no controle pode estar relacionada à alta frequência de resistência a alguns inseticidas no Brasil.

 

Monitoramento da Resistência

 

Para entender a situação da suscetibilidade de populações de H. armigera no Brasil, um programa de monitoramento da resistência aos principais inseticidas recomendados para o controle desta praga foi iniciado no Laboratório de Resistência de Artrópodes da ESALQ/USP em 2013, mediante coleta de populações de H. armigera oriundas de regiões agrícolas dos Estados da Bahia, Mato Grosso, Goiás e São Paulo. Devido à inexistência de uma população suscetível de H. armigera no Brasil, o acompanhamento das mudanças na suscetibilidade a inseticidas em diferentes populações de H. armigera no decorrer das safras agrícolas, os dados de suscetibilidade a inseticidas coletados em 2013 têm sido considerados tomados como referencial de suscetibilidade.

 

Com relação a inseticidas carbamatos (Grupo 1A), foram verificadas um aumento significativo na sobrevivência das populações de H. armigera no decorrer das safras, com variações de 10% (safra 2013/2014) a > 50% (safra 2019/2020) na concentração diagnóstica.

A frequência de resistência das populações de H. armigera a inseticidas piretroides (Grupo 3A) tem sido bastante elevada (> 50%) desde a safra 2013/2014. A frequência de pelo menos um gene (CYP337B3) associado à resistência de H. armigera a piretroides foi > 95%.

A suscetibilidade de populações de H. armigera a inseticidas spinosinas (Grupo 5), avermectinas (Grupo 6), pyrroles (Grupo 13) e diacilhidrazinas (Grupo 18) tem sido elevada no decorrer das safras agrícolas 2013/2014 a 2019/2020, com sobrevivências < 10% nas concentrações diagnósticas testadas.

Aumentos escalonados na frequência de resistência de H. armigera a inseticidas oxadiazinas (Grupo 22) e diamidas (Grupo 28) têm sido verificados no decorrer das safras agrícolas, com sobrevivências próximas de 0% na safra 2013/2014 a > 20% na safra 2019/2020.

A rotação de inseticidas com diferentes mecanismos de ação tem sido uma das estratégias mais efetivas de manejo da resistência, porém deve ser integrado à outras táticas de controle no manejo de pragas como o monitoramento e o uso de cultivos Bt por exemplo.

No caso dos cultivos Bts (Grupo 11) entretanto, deve-se sempre utilizar a estratégia de refúgio para se retardar os processos de resistência e não comprometer a eficácia de controle.

Os resultados obtidos a partir deste projeto fornecem informações para prover recomendações de manejo visando retardar a evolução da resistência e diminuindo o potencial de risco da praga no Brasil.

 

 

Elaborado por: Celso Omoto

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